Mergulhados nas preocupações transitórias da nossa existência, olvidamos, usualmente, no torvelinho da vida mundana, o imperativo das reflexões acerca do problema do ser, do destino e da dor. Quem somos? Por que estamos aqui? Sofremos por quê? Reputo que uma das coisas mais importantes que podemos fazer nessa existência é buscar essas respostas. Sócrates o fez, muito antes de Cristo e, não tivesse sido injustamente condenado a tomar o cálice homicida de cicuta, imaginemos que idéias mais o pensamento humano não teria herdado e quão úteis não teriam sido para o seu desenvolvimento. Mas o antigo sábio grego nos legou orientações preciosas quanto ao entendimento do problema do destino, da dor e do ser. Relativamente a este último, asseverava ele que o homem é uma alma encarnada. Assim sendo, é a composição de um princípio material (o corpo) e um princípio inteligente (o daimon, que é como ele chamava o espírito). Partindo desse axioma, faz o mestre de Platão uma série de elocubrações que, a meu ver, constituem roteiro seguro para quem deseja examinar mais detidamente essa questão e, dessa forma, se integrar na descoberta de si próprio.
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