sábado, 13 de fevereiro de 2010

Estes tempos

O pó dos sonhos
Na sina dos ventos
Que espraiam o tempo
Precipitou-se no abismo
Onde jazem perdidos
Desejos insanos.
Na imensidão
De tamanho incogitável
Viaja o derradeiro brilho
Das esferas sepultadas
No passado longínquo.
A turba
Disso não se apercebe.
Alguém conhece
As profundas razões do ser?
Alguém já mergulhou
Nos estreitos desse mar
E trouxe as respostas à tona?
Não estamos à toa
Mas enquanto tudo passa
E se mostra e se repassa
Ainda nem entendemos o nascer
Do sol a revelar as verdades
Das manhãs diárias:
Deixamos que se vá
Simplesmente que se vá
Na bruma dissipada
Na razão estrangulada
No amor encarcerado
Nas grades do adorado...
Metal.
Por todos os lugares:
Bússolas desconcertadas
(Des)norteiam...
Embarcações desfarolizadas
Ao léu do céu no mar.
Nos templos
Hinos humanos
Cantados em letras
De sentidos avessos
Exaltam verdades sectárias:
Navalhas na alma
Almas na lama
Sangrando
As dores destes tempos
Gestadas por elas mesmas.