Administrar uma casa não é empresa tão simples, que dirá uma nação de dimensões continentais, eivada de vícios em sua formação histórica, como é a nossa. Todavia, a condução dos destinos de um povo, da posição de chefia do Executivo, jamais pode prescindir da verdade quando se tratar do emprego da palavra que, no caso em tela, tem abrangência nacional e internacional. Quando a CPMF foi derrubada na Câmara Alta do Congresso Nacional, não tardou para que o Sr. Luis Inácio fizesse saber à imprensa nacional especializada que não haveria criação ou aumento de impostos para compensar o fim do imposto do cheque. O Presidente chegou a afirmar, categoricamente, essa sua posição, tendo chegado mesmo a desautorizar e repreender publicamente o Sr. Guido Mantega, ministro da Fazenda, quando este acenou com o recrudescimento de tributos. Mas os ecos da palavra presidencial hoje soam perdidos em seu sentido, dando margem a crítica justa e indignada de milhões de compatrícios brasileiros, acerca do valor da palavra do Presidente pois. dias depois de asseverar que não haveria criação ou aumento de impostos para reparar o termo do imposto de Rubens Ricupero, o Sr. Luis Inácio vem a presença dos seus governados ratificar e justificar a sua defesa relativa ao aumento de impostos - cujo impacto final recaí, como de praxe em episódios como esse, sobre o cidadão comum. A mudança de teor do comando presidencial - aliás, diametralmente oposto ao que ele havia afirmado - sugere o quê? Descompasso de diálogo entre os altos dignatários da República? Um Presidente movido pelo açodo? O que nos parece essa mudança célere de opinião do Chefe do Executivo? Aliás, parece que a mudança é algo que marca periodicamente as feições do Presidente e que irá permear, para sempre, a confecção de qualquer biografia a seu respeito. Pelo menos, desse episódio lamentável, fica a lição, que vem de cima para baixo: quando usarmos a palavra, que o façamos como se estivéssemos a redigir o nosso testamento.
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