O primeiro mandamento da lei moisaica reza que devemos amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a nós mesmos. Todavia, a lei civil ou disciplinar de Moisés tinha um eco social muito diverso do que apregoa esse dos Dez Mandamentos que ele recebeu no Monte Sinai. Baseada na Pena de Talião, no "olho por olho, dente por dente", esse código de conduta social representou para a sociedade hebraica uma ferramenta eficaz de fomento à vingança privada. Nesse contexto, aparece a figura de Jesus, cuja doutrina apregoada distoava, e muito, dos preceitos suscitados pela lei disciplinar do libertador do povo hebreu. Pregando em seio judeu, o filho de José ensinava, em suas ilações saturadas de amor e sabedoria, que se devia oferecer a outra face, depois que o contendor já houvesse batido em uma. Assim, Jesus incitava à resignação e à humildade. A doutrina inaugura por Cristo me parece sucessória da de Moisés: antagoniza à lei civil, mas não anula, pelo contrário, complementa, esclarece e melhora o sentido moral dos Dez Mandamentos. Não conheço código de conduta mais perfeito do que o que nos legou Jesus, há pouco mais de dois milênios. E a recompensa que recebeu dos romanos e autoridades do Sinédrio? A injusta morte, no madeiro infamante.
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