O tempo é, e sempre será mesmo, nosso grande benemérito. Fiados nele, confiemos na vida. Eterno como Deus - e uma sublime graça Sua - é, no dizer de Platão, "a imagem móvel da eternidade imóvel". Em suas asas, ele conduz os nossos destinos e sempre aponta para o caminho da verdade. Pai de milagres, o tempo encanece os cabelos mas laureia a mente com a oferta generosa da experiência e da lucidez. É ele quem desobescurece as impressões e desvenda os enigmas, sendo também a chave que abre as portas mais seguramente fechadas. Só o tempo aproxima a tradição do moderno, só ele vinga as dores com o alívio. O tempo que consome mas dá vida, é uma antítese cheia de mistérios, sem limiar nem termo. É ele quem apaga as erupções da paixão e faz esmaecer os mais rígidos sentidos de ódio. É o tempo que faz o mundo dar voltas e sua mão é quem sempre abre a caixinha de surpresas. Não se conhece outro professor mais perfeito da paciência do que o tempo, que mora no passar digital nos segundos, no vai-e-vem dos pêndulos e na trajetória circular dos ponteiros. O tempo é indiferente a tudo e nunca se abala com lágrimas nem se compraz com sorrisos. O tempo, rio perene por onde navegam nossas almas, é inalterável na sua fluidez e não tem ritmos diferentes: o homem é que o percebe imprecisamente, com os olhos de suas emoções, fazendo do segundo a eternidade, quando sofre, e da eternidade o segundo, quando em ventura. Nós passamos, o tempo fica e, em sua corrente infinita, nossas características sobrevivem nos genes que são arrastados para o futuro.
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