segunda-feira, 27 de abril de 2009

Riachinho

Passeio de água
Bebendo o verde,
Água chiando
Beijada de sol
A gente banhando
Um bando menino
Um banho menino
No tempo que nem passava
Naquela alegria,
Naquela graça,
Onde a corrente das águas
Nos mantinha cativos
De tantos carinhos
Pelo riachinho.

08.11.2008

quarta-feira, 8 de abril de 2009

...
Eu quero tomar jeito
E fazer o que tem que ser feito
Sem eterna demora.
Eu quero sair desse transe
E remover as núvens de chumbo
Dos meus olhos
E fitar e fazer o meu caminho
Por todos os dias que me restam
Com o melhor que posso fazer
E que há de ser.
Não estou além
Estou precisamente aqui
Dentro mim
Perdido tentando se encontrar
Comigo e com o mundo.
...

O roubo na sala ao lado

- A resposta correta, então, está na letra "a". Marquem, portanto, a letra "a".

De repente, a coordenadora da escola, pessoa muito serena, chega até a porta da sala de aula. O relógio acusava um horário em torno das 21h.

- Professor, com licença... por favor, venha cá um minuto. Acabou de haver um assalto na sala ao lado, o bandido acabou de fugir levando um aparelho celular de uma aluna. Recomendo que o senhor encerre a aula por hoje, pois é perigoso permanecer aqui. Peça aos alunos que saiam calmamente.

O término da resolução de questões sobre os primeiros anos da República brasileira e a Primeira Guerra Mundial ficava para depois. Não podia ser de outra forma pois não havia como não aceder àquela prudente recomendação.

- A correção terminou por hoje, por motivo de força maior. Recolham suas coisas, a aula está encerrada. Vamos sair calmamente.

- Meu Deus, já assaltaram a escola de novo! Disparou um aluno que estava sentado nos fundos da sala.

Não houve alvoroço e nem pressa, como se aquilo que tinha acabado de acontecer na sala ao lado fizesse parte da rotina da escola e fosse, por isso mesmo, algo próximo do normal.

Deixei a sala de aula por último, para resguardar a segurança dos meus alunos da 3ª série do Ensino Médio, em caso de alguma nova e indesejada investida criminosa.

Enquanto me dirigia para a sala da direção, fitei atentamente um matagal escuro que ladeia toda a extensão do corredor que dá acesso as salas de aula. O único movimento era o dos galhos que balançavam ao sabor de uma fresca brisa noturna. Havia silêncio e o ambiente demorava impregnado de um clima pesado, típico dos lugares que deixam vestígios de crimes.

Sentada em uma das cadeiras da direção, com um copo dentre as mãos, uma moça tentava se recompor do susto que houvera passado minutos antes, rendida, com a ponta de uma faca tocando o seu pescoço, enquanto o professor que estava com a turma no momento do ocorrido narrava, com pormenores, o fato lamentável.

Eis que acodem os policiais do Pelotão Escolar e, em seguida, o pessoal das Rondas Ostensivas de Natureza Especial - RONE que, após colherem as informações devidas e repassarem as orientações necessárias às vitimas, demandam à captura do assaltante, que houvera roubado um celular e a carteira com dinheiro e documentos do professor.

Foi inevitável pensar: "e se tivesse sido na minha sala, durante a minha aula?". Esperaria ter a mesma "sorte" que teve o professor, a aluna e os demais estdantes, que restaram ilesos diante de um criminoso audacioso e aparetemente sobre o efeito de drogas. Ele não mostrava seu rosto, que estava coberto com uma camisa, deixando apenas entrever seu olhar tresloucado, vermelho, perverso... E por falar em corir o rosto, a certeza da impunidade é tão animadora a ponto de desinibir esses indivíduos fora da lei quanto a adoção de uma cautela tradicionalmente protocolar entre os bandidos: o de eclipsar a face.
É desanimadora a constatação de que, nos dias hodiernos, é a Justiça inócua quanto a sua missão de fazer cair a máscara desses bandidos: eles mesmo a tiram, atiram, ferem, derramam sangue inocente, deixam órfãos e viúvas ao desamparo. Enquanto os bandidos mostram a cara por aí, a Justiça - e quero aqui me referir mais aos legisladores do que aos julgadores, porque aqueles é que dão as diretrizes da atuação destes - teima em manter-se vendada, escondendo o seu rosto, os seus olhos de um problema gravíssimo com que todos nós já estamos cansados de nos deparar e que exige soluções sérias, eficazes e inadiáveis, porque não estamos seguros em lugar nenhum...