Assim como "cada ser humano é um estranho ímpar", como nos diz Drummond, as culturas das nações são também ímpares; cada qual com suas particularidades, com suas excentricidades, que julgamos às vezes até divertidas, quando tomamos por paradigma os valores de nossa cultura, afinal reputamos por estranho ou esquisito aquilo que não está na seara da nossa habitualidade. Não me tomem por etnocentrico - nutro um forte sentimento de respeito pelas culturas das outras nações - mas quero aqui engrossar o coro daqueles que levantam suas vozes contra o espetáculo de dor, sangue e morte, apresentado nas arenas espanholas: a tourada. Imolam o touro até a morte, que ocorre depois da aplicação seguida e impiedosa de vários golpes de espada, o último, atingindo o músculo cardíaco do desventurado animal. A arena rubramente tingida é, ao mesmo tempo, o palco de glória do toureiro e de fatalidade pro touro. Se bem que há exceções a essa regra pois, não raras vezes, o contrário é que se dá. Mas para que tal duelo? O homem é mesmo um ser belicoso em sua natureza. Para ele não sói suficiente o envide do duelo contra outro homem, como era comum na Idade Moderna: é preciso duelar contra outro animal. Uma "necessidade" racionalmente desnecessária. E para sastifazer sua sede por espetáculos carnificínicos, o homem ainda instiga outros animais a duelarem entre si, como acontece nas rinhas de galo e nos confrontos de Pitt Bulls. Outro espetáculo deprimente é o que se dá na região sul do Brasil por ocasião das chamadas "farras do boi". A meu ver, já passou do momento de o Ministério Público atentar para a necessidade de coibição dessa prática infeliz e brutal. Da mesma forma como urge que atente, outrossim, para a forma como os animais são tratados pela indústria do agronegócio. Tenha por certo que os perus da Sadia não são bem tratados como sugere aquele "mascote" que figura, sorridente e feliz, nas embalagens dos produtos dessa empresa. Mas tornando ao caso específico das touradas, mote desse texto, não consigo compreender como há público que se compraz com um espetáculo por si mesmo tão repugnante. Que direito o homem tem de subjugar os animais ao seu bel prazer para o seu próprio deleite? Esse exercício de poder a que ele se atribui por não admitir a existência de mente ou psiquismo nos animais é o mesmo que animou 300 anos de escravidão no Brasil, já reparou? Espero que os dias vindouros tragam em suas asas o fim dessa manifestação cultural truculenta: na arena nefanda da morte, fica patente que o boi usa melhor a sua irracionalidade do que o homem a sua razão.
Um comentário:
Oi Hércules.Obrigada por ler e comentar em meu blog, obrigada mais ainda por ter gostado dele...hehehe...coisas de Joy...kkk..cê pode sim colocar o link dele no seu..prometo q sempre que puder estarei comentando.ok??
falando nisso tive a audácia de add no msn,blz??tens orkut???kkkkkk
mundo virtual...tempos de escolas e poucas tecnologias eram bem mais legais..mais contato,mais profundidade..bye
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