quinta-feira, 31 de janeiro de 2008

Livro da Vida

Livro da Vida

Você é o sujeito da vida
Sua voz é seu verbo
E com ela você age.

Dê pernas e braços
Às suas palavras:
Assim você constrói
Belos predicados
Que quão mais belos são
Quanto mais sinceros forem
Os bons adjetivos que emprega.

Não faça da vida
Um período sem sentido
Com orações vagas e desconexas.

Construa as frases
Com o amor e o bem de cada dia.

Mas não faça da vida só prosa
Porque a vida é também poesia!

O tempo e a experiência doam
As rimas que fazem
A beleza da vida!

Portanto, buque as rimas
Como os sonhos!

Mas se nessa busca quedar
Tenha o fracasso como incentivo
E lembre: sonhos não findam!
Assim, continue querendo
Só que desta vez sabendo:
Só algumas palavras rimam.

Ao final, composto estará
O livro de sua vida
A sua herança eterna.

E quando você partir
Será para dentro dele
Onde encontrará a imortalidade
Nas histórias que os outros lerão
E na inspiração
Que legastes a posteridade!


31.01.2008

Horas de inverno

Quero prender em mim cada hora desse inverno maravilhoso que faz em Teresina.

Opine

O Brasil é atualmente o que mesmo hein?! Uma democracia ou uma "democradura"?

Isso explica?

* Teresina, em termos proporcionais, é a primeira cidade do Brasil em número de divórcios.

* Teresina tem, atualmente, 80 mil mulheres a mais que homens.

Cazuza

Sinal vermelho. Você e a solidão no banco do carona no carro. Você já parou pra pensar na dor da vendedora de chicletes? Do malabarista? Do vendedor de água mineral e de côco? Do limpador de pára-brisa? Ou você só espera o verde?

Acontece comigo

Talvez aconteça com você também. Há noites em que a gente se entrega ao sono e ele nos traz sonhos em que a personagem principal é alguém conhecido, que esteja próximo ou distante da gente. O sentimento que tenho quando desperto, geralmente, é de uma saudade forte dessa pessoa conhecida, como se a sua lembrança tivesse impregnado cada poro da alma, agora encharcada de nostalgia e intensamente ligada em sentido à essa pessoa. O que é isso?

Objeto Voador Por Mim Não Identificado

Ontem eu ninava a minha pequena, recitando-lhe um poema de Casimiro de Abreu (Meus Oito Anos) quando, de repente, minha esposa pediu minha presença rápida no quarto. Quando lá cheguei, ela estava debruçada à janela, olhando para o céu. O que vi em seguida foi um objeto com várias luzes dispostas na horizontal, que se movia na direção sul. Pedi a ela que tomasse da digital velozmente, mas até que baterias estivessem aninhadas e a máquina pronta para começar o filme, aquela aparição estranha nos céus da Chapada do Corisco já havia esmaecido no firmamento e era agora apenas um pontinho distante seguindo destino ignorado. Não sei do que se travava, mas aquilo não se parecia com nada que eu já houvesse visto. Minha consorte ainda ficou nervosa por alguns instantes após aquela visão. Eram precisamente 20h50min quando tudo aconteceu.

Alas abertas o ano todo

O que vai começar é o Carnaval Oficial 2008...porque no Brasil é carnaval o ano inteiro.

terça-feira, 29 de janeiro de 2008

Coisas que admiro muito I

1. Família numerosa reunida à mesa
2. Pessoa educada
3. Casal velhinho

Rir libera endorfina II

Aguenta Piauí!

O que será do Piauí agora?!
Créditos para Juliana

segunda-feira, 28 de janeiro de 2008

O Triste Olé.

Assim como "cada ser humano é um estranho ímpar", como nos diz Drummond, as culturas das nações são também ímpares; cada qual com suas particularidades, com suas excentricidades, que julgamos às vezes até divertidas, quando tomamos por paradigma os valores de nossa cultura, afinal reputamos por estranho ou esquisito aquilo que não está na seara da nossa habitualidade. Não me tomem por etnocentrico - nutro um forte sentimento de respeito pelas culturas das outras nações - mas quero aqui engrossar o coro daqueles que levantam suas vozes contra o espetáculo de dor, sangue e morte, apresentado nas arenas espanholas: a tourada. Imolam o touro até a morte, que ocorre depois da aplicação seguida e impiedosa de vários golpes de espada, o último, atingindo o músculo cardíaco do desventurado animal. A arena rubramente tingida é, ao mesmo tempo, o palco de glória do toureiro e de fatalidade pro touro. Se bem que há exceções a essa regra pois, não raras vezes, o contrário é que se dá. Mas para que tal duelo? O homem é mesmo um ser belicoso em sua natureza. Para ele não sói suficiente o envide do duelo contra outro homem, como era comum na Idade Moderna: é preciso duelar contra outro animal. Uma "necessidade" racionalmente desnecessária. E para sastifazer sua sede por espetáculos carnificínicos, o homem ainda instiga outros animais a duelarem entre si, como acontece nas rinhas de galo e nos confrontos de Pitt Bulls. Outro espetáculo deprimente é o que se dá na região sul do Brasil por ocasião das chamadas "farras do boi". A meu ver, já passou do momento de o Ministério Público atentar para a necessidade de coibição dessa prática infeliz e brutal. Da mesma forma como urge que atente, outrossim, para a forma como os animais são tratados pela indústria do agronegócio. Tenha por certo que os perus da Sadia não são bem tratados como sugere aquele "mascote" que figura, sorridente e feliz, nas embalagens dos produtos dessa empresa. Mas tornando ao caso específico das touradas, mote desse texto, não consigo compreender como há público que se compraz com um espetáculo por si mesmo tão repugnante. Que direito o homem tem de subjugar os animais ao seu bel prazer para o seu próprio deleite? Esse exercício de poder a que ele se atribui por não admitir a existência de mente ou psiquismo nos animais é o mesmo que animou 300 anos de escravidão no Brasil, já reparou? Espero que os dias vindouros tragam em suas asas o fim dessa manifestação cultural truculenta: na arena nefanda da morte, fica patente que o boi usa melhor a sua irracionalidade do que o homem a sua razão.

domingo, 27 de janeiro de 2008

Carnaval

Nada contra a folia de Momo, essa "ofegante epidemia" que já ganha as ruas, avenidas, guetos, alamedas, travessas e outras veias da cidade... Mas tão logo principia o carnaval a palpitar nos logradouros, me recolho a paz santa do meu lar. É menos perigoso.

"Mataram" meu conhecido

Disseram-me que um conhecido havia morrido e que tinha sido "do coração". Quando recebi a notícia era sábado, estava em Teresina e o "defunto", em Campo Maior. Lamentei, entre resignado e surpreso pois havia estado com ele há bem pouco tempo, quando me entrevistara, como de vezo, todas as manhãs de segunda-feira, no programa policial do qual ele "era" repórter. A vontade que tive foi a de ir ao quarto e, em solidão silenciosa, dirigir uma prece ao Criador, para que cuidasse de sua alma récem repatriada ao mundo espiritual. Assim o fiz, ainda aproveitando o ensejo para dirigir vibrações de paz ao "finado". Recordei seu exemplo de vida, já que poderia ser ele o objeto das matérias policiais, caso não tivesse mudado os rumos de sua existência. Acorreu-me Machado de Assis: "Foi estudar a geologia dos campos eternos", pensei eu, reproduzindo os dizeres do grande fundador da Academia Brasileira de Letras. A notícia de sua "morte" ainda repercutia na minha intimidade, recordava a última entrevista concedida, já saudoso. Quando chegasse em Campo Maior, no domingo, interar-me-ia dos pormenores do acontecimento lúgubre, já que procurara notas sobre o caso nos portais da cidade na internet e não havia nenhuma. Domingo, demandei Campo Maior. Ao entrar em casa de meus pais, pedi as bençãos de mamãe e papai, que em seguida me convidaram para sentar à mesa, onde tomaríamos a refeição matinal. Quis então saber sobre a morte do meu conhecido ao que papai objetou, com firmeza, que realmente ele houvera sido acometido por um enfarto, mas que se encontrava agora em Teresina e com um detalhe substancial: estava vivo e em tratamento. "As pessoas aqui é porque 'matam' as outras antes do tempo", disparou ele, algo irritado. Cobri-me de alívio imediatamente, tenho apreço pelo conhecido. "Mas a prece não se perdeu, Deus soube como aproveitá-la para o 'morto' que está vivo", pensei eu. Não é a primeira vez que vejo casos assim em Campo Maior, de pessoas que são "enterradas vivas" pelo vulgo popular. Outro dia me disseram: "'fulano de tal' já morreu, passei na casa dele e já tinham posto uma vela em suas mãos". Dia seguinte 'fulano de tal' pedalava sua bicicleta passando em frente do meu trabalho. O juízo popular é açodado e comumente toma por verdade coisas que não caíram no campo da certeza ainda. Basta o informe e o afã de espalhar a notícia ao primeiro que se vê põe em dormência a cautela, que manda apurar a fidedignidade da fonte antes de dar crédito à notícia e sair propalando-a por aí, aos quatro ventos. As notícias ventiladas na rua voam de um ouvido ao outro com as asas da precipitação. Guarde um ouvido para a versão da rua e reserve o outro para o informe de alguém fidedigno. É do feitio do povo da rua "aumentar" a notícia e, quando isso se dá, por certo a verdade se desfaz na língua das gentes e a informação, fermentada pela índole popular, ganha outra natureza, as vezes totalmente diversa da versão real. Por óbvio, não devemos ir ao extremo de Tomé, mas não devemos crer na primeira informação que nos chega.

sábado, 26 de janeiro de 2008

Segurança Pública

A realidade brasileira me autoriza a concluir, sem dúvida alguma, que o atual modelo de segurança pública da nação está falido.

Lamentável...

...ver que, às vezes, a Justiça é condicionada ao capricho criminoso dos homens.

Um menino!

E hão de chamá-lo Luís Eduardo, nome que nos aprouve dar a mais um rebento nosso que ao mundo vem para continuar, de alguma forma, a nossa existência. Foi recebida com singular contentamento essa nova: pais de um casal! Minha filha, que assistiu a realização do exame de ultrassonografia, estampou um sorriso espontâneo na face meiga e angelical, ao saber do sexo do bebê, e a impressão que tive foi de que ela iria alçar vôo na saída do consultório, pois o deixou aos pulos: as boas notícias têm essa faculdade junto às crianças, já observou? Eu não pulei, mas a minha alma, essa pululava dentro da carcaça. Admitia com naturalidade a possibilidade de ser pai de um menino ou de uma menina: "Tanto faz, que venha é com saúde", repetia eu a minha esposa, sempre que indagado a respeito do assunto. Entretanto, mesmo falando a verdade, mesmo sendo esse o meu desejo sincero, havia uma pontinha do meu sentimento que interpreto como torcida pelo advento de um menino ao meu regaço de pai. Agora, é continuar cuidando da mulher, que me carrega um tesouro de valor afetivo ímpar e aguardar a chegada do garoto, com quem ei de reeditar os melhores lances de minha infância, já que vive em mim ainda, pra quem não sabe, o menino que nunca deixei nem nunca deixarei de ser.

terça-feira, 22 de janeiro de 2008

O tempo


O tempo é, e sempre será mesmo, nosso grande benemérito. Fiados nele, confiemos na vida. Eterno como Deus - e uma sublime graça Sua - é, no dizer de Platão, "a imagem móvel da eternidade imóvel". Em suas asas, ele conduz os nossos destinos e sempre aponta para o caminho da verdade. Pai de milagres, o tempo encanece os cabelos mas laureia a mente com a oferta generosa da experiência e da lucidez. É ele quem desobescurece as impressões e desvenda os enigmas, sendo também a chave que abre as portas mais seguramente fechadas. Só o tempo aproxima a tradição do moderno, só ele vinga as dores com o alívio. O tempo que consome mas dá vida, é uma antítese cheia de mistérios, sem limiar nem termo. É ele quem apaga as erupções da paixão e faz esmaecer os mais rígidos sentidos de ódio. É o tempo que faz o mundo dar voltas e sua mão é quem sempre abre a caixinha de surpresas. Não se conhece outro professor mais perfeito da paciência do que o tempo, que mora no passar digital nos segundos, no vai-e-vem dos pêndulos e na trajetória circular dos ponteiros. O tempo é indiferente a tudo e nunca se abala com lágrimas nem se compraz com sorrisos. O tempo, rio perene por onde navegam nossas almas, é inalterável na sua fluidez e não tem ritmos diferentes: o homem é que o percebe imprecisamente, com os olhos de suas emoções, fazendo do segundo a eternidade, quando sofre, e da eternidade o segundo, quando em ventura. Nós passamos, o tempo fica e, em sua corrente infinita, nossas características sobrevivem nos genes que são arrastados para o futuro.

segunda-feira, 21 de janeiro de 2008

Lógica da sociedade contemporânea

Batizada na pia do capitalismo, a sociedade contemporânea tem sua lógica.

Da célula familiar aos holdings, trustes e cartéis, a lógica é, para o pesar de muitos:



acumulativa e não distributiva.




Ensaio de poesia

Natureza
A mansidão repousa no dia
Espargindo em todos os ares
A mais terna alegria
A paz pelos lugares!

O céu de azul sereno
É o manto da terra abençoado
No clarão do dia ameno
Nos raios do sol dourado!

Quão bela é a cantoria
Dos passarinhos nos arbustos
Orquestrando suas melodias
Em seus tons mais augustos!

Da floresta a brisa perfumada
Sopra em suaves correntes
Trazendo as levas aladas
Das borboletas contentes!

As árvores, tão frondosas,
Ostentam a folhagem orvalhada
Erguidas - e tão vistosas,
Do seio da terra molhada!

O chiado do riacho distante
Ecoa nos ângulos da floresta
Como mais uma nota constante
Do concerto da natureza em festa!

Por todos os recantos
Assoma a beleza das flores
Tão repletas de encantos
Com seus sublimados olores!

Ao fundo os montes azuis
Elevados saúdam as alturas
Tabuleiros de planos nus
Delineados em formosuras!

Ah! Como empolga a beleza
Que ao olhar se descerra
Não se confunde a natureza
É projeto do céu na terra!
21.01.2008

Dias de inverno

São, para mim, muito especiais os dias de inverno. Eles têm uma conotação que me faz voejar sem escalas à infância já perdida nas curvas do tempo. Reavivam-se nos escaninhos de minha memória, os lances dessa era augusta, ligados principalmente às férias que costumava passar no sítio de meus avós maternos, chamado "Água Branca". As férias coincidiam justamente com o período invernoso. Quando lembro da Água Branca, a sensação que tenho é de que tudo aquilo foi onírico. Mas era real. Ali sentia-me como que incorporado à natureza, como parte dela, fruindo as alegrias indefiníveis que ela desperta nos corações inocentes. Jogar bola no campinho, ouvir a chuva bater no teto de palha da casa grande de vovô, colher frutos silvestres na mata, banhar de riacho, pescar na Lagoa do Capim, trilhar nas veredas que serpenteavam pela floresta fechada, brincar com os cabritinhos no curral, dar sal na língua do boi, brincar na areia até ficar preto, subir nos pés de caju, brincar de esconde-esconde no mataparte, correr até a estrada de ferro para ver a maria fumaça, comer gongo frito, acordar com o cheirinho do café da vovó, vislumbrar os pintos aprenderem a ciscar, comer côco babaçu torrado, ir à roça com vovô plantar milho e feijão, ouvir as estórias do Chiquinho (meu primo mais velho), descobrir os segredos da casa do Antônio Avó, pular no Pontilhão, brincar com os primos, enfim, sonhar... Era uma quimera. Hoje, a chuva lava as ruínas da casa do vovô. Onde havia tanta vida e alegria, tantos sonhos de criança, há mato: um verde exuberante, mas triste. Tudo se foi com o tempo... e tudo volta, não da mesma forma, nos dias ao mesmo tempo alegres e tristes do inverno de lembranças.

segunda-feira, 14 de janeiro de 2008

Generais

Há generais que pensam que estamos numa espécie de "Ditadura do Direito"?

Como as sombras...

Você já deve ter observado que há coisas na vida que a gente quer, procura e não encontra ou não consegue. Aí então, vêm os dias, arrastando o tempo, que passa, passa, passa... E quando você já olvidou aquilo que você tanto desejava ou buscava, aquilo vem até você. Tem coisas na vida, essas coisas, que são como as sombras, porque se comportam como sombras: quando a gente persegue, não consegue alcançar e quando estamos de costas para elas, elas nos perseguem.

Pedido nobre

Hoje, dia 14.01.2008, recebi um grande favor, da parte de alguém que não está no círculo de minha intimidade. Ao agradecê-lo, disse-lhe que todo o bem que posso vir a fazer a ele algum dia, não seria capaz de retribuir a ajuda que ele me deu. Visivelmente feliz, ele me pergunto se eu sabia rezar, ao que respondi que a prece é uma contante em minha vida, não importa a hora, nem o lugar, nem a circunstância. Ele me pediu apenas que lembrasse dele em minhas orações, rogando para que não lhe faltasse trabalho, nem saúde.

A existência de Deus


Respeito quem não acredita na existência de Deus. Todavia, fico a me indagar gravemente das motivações que podem conduzir alguém a esse juízo equivocado. A mim me parece tão clara a existência de Deus, que se me afigura propriamente como idéia inata e supra religiosa. Exumando o passado, recordo que certa feita um colega do curso de Direito, ateu, me perguntou como é que eu podia crer em algo assim. Rodeando o banco onde estávamos sentados havia um jardim adornado por flores amarelas. Antes de responder ao acadêmico, inclinei-me para o jardim e tomei de uma delas na mão. Intercalando o olhar entre o meu colega e a flor, disse-lhe que com o simples fato de vislumbrá-la, conseguia alcançar com segurança, em minha intimidade, a idéia da existência divina. Nada mais bastava: olhando para aquela flor, aquele pequeno sorriso de ouro do jardim, para mim estava clara a existência de Deus. Meu colega não disse mais nada. Não sei o que aquela resposta produziu ou deixou de produzir no campo de seus pensamentos. Lembro apenas que a sua mudez foi a expressão tácita que nos levou naturalmente a entabular a conversa pelas vias de outro tema, que não aquele. Mas a idéia da existência de Deus deve ser temática sempre presente. Deus não merece ficar esquecido e lembrado apenas de urgência, quando se trata de suplicar a Sua ajuda em prol da gente. Dessa feita, quando a oportunidade é azada, não perco a chance de dizer aos meus alunos da existência de Deus e de que é mais simples do que se cogita chegar às provas que alicerçam esse posicionamento. Esse processo não reclama o consurso do rigor frio dos cálculos matemáticos nem muito menos outras abstrações de elevada complexidade. Peço aos meus aprendizes que tomem de uma caneta entre as mãos e levo-os a admitir, por si próprios, que aquele instrumento de escrita, antes de existir no mundo material, existiu no mundo das idéias, ou seja, na órbita imaterial, no pensamento de seu criador que, ao concebê-la, teceu no campo imaginário cada uma das características que lhe assinalam as formas. Do mesmo jeito não fez Deus com relação a tudo que existe? Tudo que é, antes de ser no campo físico, existiu no pensamento Dele, inclusive aquela florzinha amarela que, em dias recuados, arranquei do jardim da universidade para poder opinar ao meu colega sobre a existência divina. Depois de assim explicar aos estudantes, vejo que o semblante geral da assembléia denota a concordância com aquelas explicações e, portanto, que os meus alunos passam a conceber, pelas vias da simplicidade, a idéia da existência de Deus. A mim, a florzinha amarela basta, sem precisar lembrar do céu, dos astros, da grandeza do universo sem fim...

Rir libera endorfina

sexta-feira, 11 de janeiro de 2008

Trabalho e necessidades

"Devemos receber todo trabalho como uma bênção e toda necessidade como elemento de ensino". As palavras são de Paulo de Tarso.

quinta-feira, 10 de janeiro de 2008

Honestidade

A vida me ensinou que quando se vai falar a respeito de alguém que não está presente, deve-se fazê-lo como se tal pessoa estivesse ali do lado. Digo isso, porque numa roda de conhecidos é muito comum que se linsonjeie os presentes e se deprecie os ausentes, que não podem se defender e que, muitas vezes, estão sendo injustiçados pelo ardil de alguém.

Respeito

A gente deve nutrir um respeito profundo, digo até sagrado, pelas pessoas, em qualquer lugar, em qualquer circunstância e seja quem for; que seja um inimigo, respeite-mo-lo; que seja um desconhecido, respeitemos do mesmo jeito. Se assim digo de pessoas que não estão no nosso círculo de intimidade, que dirá das que estão, que merecem igual respeito, nem mais, nem menos. Não se pode respeitar mais aqui, menos acolá. O respeito como regra deve ser entendido e praticado em sua essência para com todos, sem distinções de qualquer natureza. Cada pessoa é um templo vivo da divindade. Assim sendo, quando respeitamos o nosso próximo, é a Deus, inteligência suprema e causa primeira de todas as coisas, que respeitamos.

A doutrina de Cristo


O primeiro mandamento da lei moisaica reza que devemos amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a nós mesmos. Todavia, a lei civil ou disciplinar de Moisés tinha um eco social muito diverso do que apregoa esse dos Dez Mandamentos que ele recebeu no Monte Sinai. Baseada na Pena de Talião, no "olho por olho, dente por dente", esse código de conduta social representou para a sociedade hebraica uma ferramenta eficaz de fomento à vingança privada. Nesse contexto, aparece a figura de Jesus, cuja doutrina apregoada distoava, e muito, dos preceitos suscitados pela lei disciplinar do libertador do povo hebreu. Pregando em seio judeu, o filho de José ensinava, em suas ilações saturadas de amor e sabedoria, que se devia oferecer a outra face, depois que o contendor já houvesse batido em uma. Assim, Jesus incitava à resignação e à humildade. A doutrina inaugura por Cristo me parece sucessória da de Moisés: antagoniza à lei civil, mas não anula, pelo contrário, complementa, esclarece e melhora o sentido moral dos Dez Mandamentos. Não conheço código de conduta mais perfeito do que o que nos legou Jesus, há pouco mais de dois milênios. E a recompensa que recebeu dos romanos e autoridades do Sinédrio? A injusta morte, no madeiro infamante.

quarta-feira, 9 de janeiro de 2008

Peça conselho

Ninguém deve se colocar, no círculo de suas relações pessoais, em posição de insulamento completo. Outro dia dizia à minha esposa que é muito bom quando a gente se encontra na escuridão e, de repente, Fiat lux!: alguém traz uma lanterna ou qualquer outro dispositivo luminoso que nos ajuda a ver ao nosso redor o que a treva esconde. Há momentos em nossa existência em que nos vemos no escuro, não pela falta de energia elétrica, mas pelo infortúnio, que nos coloca reféns da dúvida, das incertezas e do medo do futuro. E isso é mais angustiante quando buscamos respostas em si próprios e o que a vida nos ofereceu até ali em experiências não basta. É nessa hora que nos devemos valer do recurso precioso do conselho amigo, verdadeira candeia de luz em nosso caminho. Para combater o infortúnio, aconselhe-se com a razão. Portanto, peça conselhos, certo de que essa atitude não minora a sua grandeza, nem tampouco depõe contra a sua capacidade. Para viver, precisamos de entendimento e quando o nosso não basta, tomemos emprestado.

O que vale a palavra do Presidente?


Administrar uma casa não é empresa tão simples, que dirá uma nação de dimensões continentais, eivada de vícios em sua formação histórica, como é a nossa. Todavia, a condução dos destinos de um povo, da posição de chefia do Executivo, jamais pode prescindir da verdade quando se tratar do emprego da palavra que, no caso em tela, tem abrangência nacional e internacional. Quando a CPMF foi derrubada na Câmara Alta do Congresso Nacional, não tardou para que o Sr. Luis Inácio fizesse saber à imprensa nacional especializada que não haveria criação ou aumento de impostos para compensar o fim do imposto do cheque. O Presidente chegou a afirmar, categoricamente, essa sua posição, tendo chegado mesmo a desautorizar e repreender publicamente o Sr. Guido Mantega, ministro da Fazenda, quando este acenou com o recrudescimento de tributos. Mas os ecos da palavra presidencial hoje soam perdidos em seu sentido, dando margem a crítica justa e indignada de milhões de compatrícios brasileiros, acerca do valor da palavra do Presidente pois. dias depois de asseverar que não haveria criação ou aumento de impostos para reparar o termo do imposto de Rubens Ricupero, o Sr. Luis Inácio vem a presença dos seus governados ratificar e justificar a sua defesa relativa ao aumento de impostos - cujo impacto final recaí, como de praxe em episódios como esse, sobre o cidadão comum. A mudança de teor do comando presidencial - aliás, diametralmente oposto ao que ele havia afirmado - sugere o quê? Descompasso de diálogo entre os altos dignatários da República? Um Presidente movido pelo açodo? O que nos parece essa mudança célere de opinião do Chefe do Executivo? Aliás, parece que a mudança é algo que marca periodicamente as feições do Presidente e que irá permear, para sempre, a confecção de qualquer biografia a seu respeito. Pelo menos, desse episódio lamentável, fica a lição, que vem de cima para baixo: quando usarmos a palavra, que o façamos como se estivéssemos a redigir o nosso testamento.

Brisa de hoje, lembrança do passado


Uma brisa urbana, matutina e cariciosa, desperta, nos escaninhos da minha memória, a lembrança dos recuados tempos de minha infância. É uma brisa fria, que me recorda os dias de inverno no interior. Como são belos os dias do despontar da existência... O sopro das correntes balançando a copa das árvores...O cheirinho amalgamado de verde, de chuva e terra molhada...A espinha de frio gelada...O dia escuro sob os nimbos púmbleos...A sinfonia da água batendo no teto de palha...As aves penduradas de molho nos galhos...O perfume do café se espargindo nos ângulos rústicos da vivenda de meus avós...O ruído das palestras animadas vindas da cozinha...Que doce a vida não era, nessa risonha manhã...Em vez das mágoas de agora, eu tinha nessas delícias o gosto puro da vida vivida com intensidade, em lances de augusta e inesquecível felicidade. Tempos idos, que não voltam mais nessa existência.

domingo, 6 de janeiro de 2008

Auto-apresentação

Os dias se sucedem na esteira do tempo e vou sendo apresentado por mim a mim mesmo. Desde que meus sentidos se desenvolveram, estou me conhecendo. A cada lance da vida, uma face nua do meu caráter se revela, para a renovação da personalidade. A vida ensina, é mesmo repleta de lições. Ontem eu não conseguia apanhar muitas delas. Hoje, estou um pouco mais calibrado nessa arte de aprender com as lições da vida, estou ficando lúcido. Dos fatos que nos ocorrem, sempre há proveito a tirar, sejam bons, sejam maus. Nos desígnios insondáveis da existência, há uma razão de ser como essência de tudo o que nos ocorre: há um sentido de finalidade nos fatos que movimentam nossa vida. Vou deixando pedaços de mim para trás, no templo de minhas lembranças. E vou me regenerando, nas lutas redentoras deste mundo onde permaneço enclausurado. Minha prisão com sol, com céu, com estrelas, com mares, com rios, montanhas, plantas, passarinhos... Meu cárcere com companheiros queridos.

Amigos

Há dois tipos de amigos: aquele que o valoriza como pessoa e aquele que valoriza a sua posição. Separe o joio do trigo.

Ainda sobre as palavras...

que, "para conservar seu valor, devem ser o penhor das ações". (B. Gracián)

sexta-feira, 4 de janeiro de 2008

A palavra

É ela quem movimenta o mundo, orquestrando a construção da realidade. Requer prudência e lucidez o uso que se faz dessa rebenta do pensamento e das emoções. Somos permanentemente assenhoreados dela, todavia, apenas até o momento em que deixa a nossa boca: a partir daí, temo-nos na condição de seus escravos. Nesse diapasão, oportuna se faz a lembrança do que assevera o religioso Baltasar Grácian, que viveu na Espanha no século XVI, que nos diz que sempre há tempo para se proferir uma palavra, mas nunca para fazê-la voltar. A palavra é capaz de fazer o segundo subjugar o século: o que demanda largo tempo na elaboração pode ruir, de chofre, no ínfimo tempo que requer a pronúncia de uma palavra destruidora. Grande é o poder da palavra, várias as suas faculdades; portanto, que sejamos exímios no seu manejo, dominando a arte do verbo.

quinta-feira, 3 de janeiro de 2008

Passarinho na gaiola


Jamais cheguei a furar os olhos de um assum preto... Todavia, quando adolescente, cutivei, por algum tempo, o infeliz hobby de criar passarinhos. Parece-me que tudo começou com uma brincadeira, cujo espírito ofuscou a consideração salutar de que os seres da natureza devem ser livres. Suspensas, as gaiolas com os alados cativos enfileiravam-se no teto de minha casa. Tinha encarcerados passarinhos de várias espécies, cada qual com seu canto de tristeza que, misturado uns aos outros, compunham a triste melodia de todos os dias. Eu me orgulhava de os ver cantar, olvidando o crime que estava a cometer contra aqueles desventurados indefesos que se expremiam nos ângulos apertados e soturnos daquelas prisões em miniatura. Não compreendia que, se a Natureza lhes dera asas e ossos pneumáticos, não era para que voassem no espaço diminuto das gaiolas e, sim, no amplo espaço natural. Não compreendia que a Natureza é que era a legítima proprietária daquelas melodias que lhes escapavam do bico e não eu. Já havia adquirido passarinhos até do sul do Ceará e considero, assim, que fui longe dando azo a esse hábito menos feliz. Vins-vins, papa-capins, cabeças-de-bode, curiós, cochichos, periquitos australianos... até um pobre pardal, pássaro que não se cria em gaiola, eu já tive um dia. Mas o ser humano, as vezes, desperta a sua consciência para a compreensão dos valores maiores da vida natural e, um dia, despertei decidido a devolver aos céus todos os passarinhos que, injustamente, mantinha aprisionados até então. Desci com todas as gaiolas do teto. Enfileirei-as no chão e fui abrindo suas portas, uma após a outra. Aturdidos com tanto espaço disponível para o vôo alguns pássaros ficaram. De lá para cá, jamais tornei a aprisionar um animal e me sinto mal quando vejo algum passarinho preso numa gaiola: algo me aperta o coração, parecendo que capto, na órbita do meu sentimento, a extensão da tristeza e da solidão do pássaro cativo.

quarta-feira, 2 de janeiro de 2008

O imperativo da reflexão


Mergulhados nas preocupações transitórias da nossa existência, olvidamos, usualmente, no torvelinho da vida mundana, o imperativo das reflexões acerca do problema do ser, do destino e da dor. Quem somos? Por que estamos aqui? Sofremos por quê? Reputo que uma das coisas mais importantes que podemos fazer nessa existência é buscar essas respostas. Sócrates o fez, muito antes de Cristo e, não tivesse sido injustamente condenado a tomar o cálice homicida de cicuta, imaginemos que idéias mais o pensamento humano não teria herdado e quão úteis não teriam sido para o seu desenvolvimento. Mas o antigo sábio grego nos legou orientações preciosas quanto ao entendimento do problema do destino, da dor e do ser. Relativamente a este último, asseverava ele que o homem é uma alma encarnada. Assim sendo, é a composição de um princípio material (o corpo) e um princípio inteligente (o daimon, que é como ele chamava o espírito). Partindo desse axioma, faz o mestre de Platão uma série de elocubrações que, a meu ver, constituem roteiro seguro para quem deseja examinar mais detidamente essa questão e, dessa forma, se integrar na descoberta de si próprio.

terça-feira, 1 de janeiro de 2008

O caminho das borboletas


Demandando minha casa, em viagem, após integral e exaustivo dia de trabalho, vi que o Criador, na sua incomparável generosidade, no último dia de 2007, presenteava os viajantes com o caminho das borboletas. Borboletas amarelas, bailarinas do ar, estiveram presentes por todo o percurso de volta ao meu lar. Saídas do verde marginal da estrada, traziam elas as saudações aos viajores, espalhando o perfume da floresta pelos caminhos. Quais flores aladas bailando ao sussurro das brisas aromáticas que sopravam naquela serena manhã, muitas delas entregavam a vida ao sacrifício, colidindo seus destinos com os automores que atravessavam a via, nos dois sentidos da mesma direção. Ponteado de amarelo estava o pixe da estrada, mas as borboletas, persistindo, adejavam o espaço, para o triunfo da beleza primaveril daquele caminho inolvidável.