É uma arte essa a do diálogo. Face a face. Olhos no olhos. Assim os interlocutores se postam. Uns perdem tempo com futilidades, daí as fofocas. Outros se sentam para tratar assuntos de alta relevância, como o destino de nações, de vidas ou da economia. Tudo é diálogo. Há até o diálogo consigo mesmo: um monólogo silencioso, a alma diante do espelho implacável da consciência. Alguns usam as palavras como as roupas: deixam-nas ganhar o ar e os ouvidos próximos livremente, como deixam cair suas vestes sobre o corpo. Manda a prudência que assim seja apenas entre amigos. As outras ocasiões requerem a formalidade cordial e polida. Em todo caso, quando se abre o diálogo, nossa discrição fica imediatamente posta à prova. Os que conseguem conter os ímpetos da língua, dormem mais tranquilos do que aqueles que, de senhores, passam a escravos das palavras que não conseguiram represar, atendendo ao extravasamento inconsequente de sentimentos ignóbeis. Não se reconhece outra melhor e mais eficaz maneira de se solucionar lides que não seja essa a do diálogo. Ainda quando um dos contendores não mostra disposição, continua sendo a melhor saída, exigindo-se mais, em tais casos, da parte do que se vê disposto, que maior empenho deve empregar na arte do diálogo. Dialogasse-se mais, desde o núcleo familiar até os encontros diplomáticos mundiais e teríamos um mundo melhor, pois o diálogo, inegavelmente, assenta as bases de entendimento, fortalecendo a lucidez e permitndo que se veja claramente a solução das querelas, antes obscurecidas pelo véu da dúvida e das incertezas. É preciso saber triunfar com a sabedoria das palavras: eis a arte do diálogo.
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