A minha cidade natal. Um dos primeiros núcleos populacionais do Piauí. Conhecida mundo a fora por alguns como "terra dos carnaubais"e, por outros, como "berço de heróis", sendo ainda bastante famosa por ser considerada a "terra da carne do sol". Debrucemo-nos sobre essas denominações. De fato, Campo Maior faz jus a primeira delas, pela grande concentração da "árvore da providência" existente em sua área territorial. Certa feita um amigo cujo pai foi ou ainda é empresário do setor de beneficiamento de cera de carnaúba, asseverou-me que apenas uma outra cidade localizada na África e que guarda posição de similitude com Campo Maior em termos de distância da Linha do Equador, é que teria carnaúbas tanto quanto ela. Nada oficial, entretanto. Relativamente a ser "berço de hérois", os fatos históricos falam por si só...pena que poucos conheçam tão pouco os acontecimentos transcorridos naquelas paragens no limiar da segunda década do século XIX... e mais lamentável ainda é saber que muitos que conhecem o que aconteceu, não tomam ou tomaram a ocorrência como referencial de inspiração para honrarem a memória dos que se sacrificaram, buscando fazer a sua parte nos esforços conjuntos para conferir, à nossa gente, uma vida mais digna, tornando a cidade um melhor local para se viver. Hoje, a maioria da população tangencia a linha da pobreza. Já com relação ao título "terra da carne de sol", esse também nos parece merecido. Difícil resistir a semelhante iguaria. Realmente, o sabor é peculiar. Entretanto, fica claro que transferiram o teor de cloreto de sódio da carne para o seu custo pecuniário: que salgado seu valor! Mas vale a pena pagar. Não quero desencorajar ninguém a que deixe de provar. Importa notar que não somente os títulos honrosos explicam traços da cidade. Ao longo do tempo foram aparecendo, criados pela sabedoria popular, alguns predicados negativos que tisnam sua imagem. Dentre os quais, o que merece maior destaque talvez seja o que diz: "terra do já teve". Já teve "Radar". Já teve "Cine Nazaré". Já teve "pedalinhos no açude". Já teve "Ibama". Já teve "Fripisa". Já teve "Senador". Já teve "tranquilidade". E outros "já-teves"... Parece que o povo tem a sensação de que Campo Maior parou no tempo. De que a cidade era pra ser e o que principiou a ser começou a acontecer e por algum motivo não aconteceu mais. Quem sabe é isso que explica essa sensação de "já teve", que seria uma amálgama de nostalgia e desilusão. Mas já passou da hora de superar essa mentalidade. A desilusão com o que era pra ser, não deve se converter no grilhão que nos obstaculariza fazer o presente, pelo presente e para o futuro. O único "já teve" que cada habitante deve recordar é o "já teve a síndrome do 'já teve'". Seria interessante uma campanha para resgatar a auto-estima do povo. Fica a sugestão para os poderes constituídos municipais. Fora isso, é muito razoável que cada um faça a sua parte, no sentido de fazer o melhor pela cidade e pelo seu povo. É preciso ir a campo e vislumbrar, além do horizonte, um futuro maior.
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