sexta-feira, 23 de novembro de 2007

Fenômenos Estranhos - II

Acontecimentos fora da nossa órbita de compreensão sempre exerceram um certo magnetsimo sobre minha atenção. Fosse pelos meios de comunicação ou pelo que corria à boca miúda entre os conhecidos, costumava ligar importância a fatos dessa natureza. No íntimo, guardava certa impressão de que talvez não chegaria a testemunhar, in loco, algum evento assim. Pois essa impressão íntima foi contrariada. Os pilares que lhe davam sustentabilidade foram minados por força de uma ocorrência intrigante que envolveu a mim e a um querido amigo de infância. Vamos nos encontrar na segunda metade dos idos do ano 2000. Preparavamo-nos, eu e este amigo, para enfrentar a terceira e última das etapas de um concurso público do qual estávamos participando. Estavamos em Teresina, bem na véspera dos exames que iriam aferir as nossas condições físicas para o emprego que pleiteávamos com ansiedade. Gentilmente nos foi oferecida hospedagem no apartamento de um conhecido nossso, e também dileto amigo dos tempos áureos de infância. Foi ali que ficamos concentrados, à espera do dia decisivo. Com serena confiança a embalar-me as esperanças, foi que suportei o assédio implacável da expectativa. E quando a noite deitou o seu manto ponteado de estrelas fulgurantes sobre a Chapada do Corisco, demandamos, eu e meu amigo, o aposento que havíamos de dividir naquela oportunidade. Aquela, para a minha sorte, não foi uma noite longa, vez que dormi bem. Houvera acordado muito cedo, com as primeiras claridades matutinas. Longe de estar modorrento, achava-me lúcido, senhor de meus pensamentos e de minhas impressões à cerca da realidade exterior. Alimentando certa expectativa em torno do que iria acontecer dentro das próximas horas, desfiei um rosário de cogitações no meu campo mental. Enquanto isso, jazia meu amigo em seu leito, entregue ainda ao sono. Em dado instante, pensei:
- Vai dar tudo certo, meu Deus!
Para a minha surpresa, assim que silenciei em pensamento, meu amigo disparou, em voz alta, dormindo:
- Não se preocupe não, "Herquinho", vai dar tudo certo!
Depois, tornou a dormir sono silencioso.
Fiquei intrigado, reputando o fato por fantástico.
Quando meu amigo despertou, minudenciei-lhe o ocorrido; ele asseverou que não se lembrava de nada.
Como podia ele ter-me feito aquela afirmação de incentivo, se não disse verbalmente a ele, naquele momento, da minha expectativa?
Ao encetar uma afirmação verbal e de bom som, relacionada exatamente àquilo que eu estava pensando e imediatamente após eu ter pensado, é porque ele, de algum modo, teve acesso ao meu conteúdo mental. Por que processos isso ocorreu, eu ignoro.
Deu tudo certo naquele dia, em que a alegria da aprovação garantida amalgamou-se um pouco às impressões de surpresa do primeiro fenômeno intrigante que aconteceu comigo.

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