sábado, 29 de novembro de 2008

Fragmentos do Homem e Sua Hora

Um dos aedos piauienses por que tenho grande predileção é Mario Faustino. Dono de uma lírica "politonal e reflexiva", o poeta consegue "transfundir os motivos lírico-afetivos em temas universais" de forma peculiar. Desencarnou em 1962, com 32 anos de idade, vítima de desastre aéreo.
Transcrevo abaixo alguns de seus poemas de que mais gosto.
EGO DE MONA KATEUDO
Dor, dor de minha alma, é madrugada
E aportam-me lembranças de quem amo.
E dobram sonhos na mal-estrelada
Memória arfante donde alguém que chamo
Para outros braços cardiais me nega
Restos de rosa entre lençóis de olvido.
Ao longe ladra um coração na cega
Noite ambulante. E escuto-te o mugido,
Oh vento que meu cérebro aleitaste,
Tempo que meu destino ruminaste.
Amor, amor, enquanto luzes, puro,
Dormido e claro, eu velo em vasto escuro,
Ouvindo as asas roucas de outro dia
Cantar sem despertar minha alegria.
DIVISAMOS ASSIM O ADOLESCENTE
Divisamos assim o adolescente,
A rir, desnudo, em praias impolutas.
Amado por um fauno sem presente
E sem passado, eternas prostitutas
Velavam por seu sono.Assim, pendente
O rosto sobre um ombro, pelas grutas
Do tempo o contemplamos, refulgente
Segredo de uma concha sem volutas.
Infância e madureza o cortejavam,
Velhice vigilante o protegia.
E loucos e ladrões acalentavam
Seu sono suave, até que um deus fendia
O céu, buscando arrebatá-lo, enquanto
Durasse ainda aquele breve encanto.
ONDE PAIRA A CANÇÃO RECOMEÇADA
Onde paira a canção recomeçada
No capitel de acanto de teu lar?
Onde prossegue a dança terminada
Nas lajes de meu tempo de chorar?
Rapaz, em minhas mãos cheias de areia
Conto os astros que faltam no horizonte
Da praia soluçante onde passeia
A espuma de teu fim, pranto sem fonte.
Oh juventude, um pálio de inocência
Jamais se estenderá sobre outra aurora
Mais clara que esta clara adolescência
Onde o lupanar da noite hoje devora:
Que vale o lenço impuro da elegia
Sobre teu rosto, lúcida alegria?
É boa a lembrança perene de que devemos desfrutar, agora, daquilo que poderá nos ser tirado depois.
Por quantas madrugadas, sozinho, não vi romper a manhã no oriente, carregada de frio. E enquanto as estrelas se despediam, os primeiros raios do sol cortejavam as primeiras perspectivas para mais um dia. Não somos donos do tempo. Todavia, somos donos de nós. O que fazemos hoje, repercute amanhã, seja para nos recompensar o bem praticado ou para nos corrigir de nossas inclinações menos felizes. Quantas ilusões se me afiguram aos olhos. O cotidiano e as preocupações materiais imediatas não nos deixam olhar para fora da "caverna". O dia não deve passar como mais um dia. As horas passam, mas os minutos devem ser outros: minutos de transformação, para melhor. O que a vida nos oferece senão oportunidade constante de aprendizado? O problema é que muitos de nós não sabe o que deve aprender. Gastam a preciosa moeda do tempo devorando horas a fio manuais das mais diversas religiões, das mais variadas matizes éticas sem que, entretanto, nada retenham de bom. São pessoas que se perdem no tumulto da vida, renunciando à formação do bom caráter nas experiências do dia-a-dia. Mas o que aprender? Como viver? Que postura deve sempre nortear a nossa relação com os nossos semelhantes? Podemos encontrar essas respostas, se nos dedicarmos sinceramente a buscá-las. Bom é encontrá-las antes que a noite caia e não tenhamos mais um dia.

quinta-feira, 20 de novembro de 2008

"Não espere por uma crise para saber o que é importante na sua vida"

Platão

segunda-feira, 10 de novembro de 2008

sábado, 8 de novembro de 2008

Eu e a democracia

Estou revendo as minhas posições sobre a democracia, tentando abstrair a essência verdadeira desse insituto hoje quase sagrado. Sim: a democracia é para a política o que a religião é para os crentes. Todavia, a única forma de chegar a Deus é pela estrada da religião? É certo que a democracia não é, nem de longe, a única maneira de se atingir o estado de bem-estar social, realizando as finalidades da felicidade humana. Contudo, seria a melhor das maneiras? A mais célere e eficaz? Seria a que deixaria o menor rastro de dor, sangue e sofrimento pela história de uma nação? E antes que a minha atitude de levantar tais questionamentos possa causar espanto em alguém, quero dizer que ela não é sacrílega e que eu não vendo heresias. Tal atitude constitui, antes, uma tipicidade do próprio sistema democrático: a da liberdade. Aqui, outras questões emergem inevitavelmente: há um conceito universal de liberdade? Qual a real extensão do significado da liberdade numa democracia? Existe liberdade em algum outro sistema que não seja o democrático? Em que ela se diferencia da liberdade democrática?
Vou seguir pensando...

O contrato social

Nunca assinei o contrato social. Impuseram-no a mim, desde que nasci. Mas, e se eu não quiser mais fazer parte desse acordo que nunca celebrei? Haverá algum lugar neste mundo que seja de ninguém e que me abrigue?

sábado, 1 de novembro de 2008

Pensamento, palavra e ação.

A vida requer a todo momento pensamento, verbo e ação. Por meio deles, nos movimentamos no mundo, através do tempo. Dessa forma, não devemos prescindir da necessária vigilância sobre estes veículos que nos permitem a manifestação na vida.

Viver é escolher, fazer a salutar seletiva dos pensamentos e palavras, optar pelo envide das melhores ações, tal como o trabalhador rural que, para assegurar a boa ceifa no amanhã, realiza hoje com a melhor maneira de semear.

Devemos nos precatar quanto ao uso incorreto do pensamento e da palavra, pois para onde vai o pensamento, vai a vida assinalada pelas ações que praticamos; além disso, não esqueçamos de que, como as flechas, as palavras lançadas não voltam mais.