Eu imortalizei muitos lances do passado. Outros prefiro olvidar por completo: dou-lhes aos braços do fogo do tempo, para que os incinere. Do que passou, ficam apenas as boas lições que, à guisa de sementes, espero frutifiquem para o bem. Todo dia, eu sou um pouco igual e um pouco diferente do que fui no dia que o sol deixou pra trás. Não me enlaço à magoas, ódio não tenho de ninguém. Não penso na morte, esse ente que a gente sempre aguarda para um futuro distante, mas que pode estar logo ali, traiçoeiramente ali, à cata de qualquer um de nós. Eu deixo a morte com a morte. Aliás, o conceito que tenho desse evento é substancialmente diferente daquele que muitas pessoas tem. Mas eu não vou discutir isso agora. Prefiro lembrar da areia da praia. Da corrida na praia. Do céu na praia. Do vento salgado da praia. Opto pela lembrança do sorriso dos meus filhos, da culinária da minha esposa, dos braços profundos da minha avó que o tempo levou. Contemplo a vida passeando pelas recordações boas, comparo o que fui e que sou hoje: que surpresa, o tempo existe!
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