sexta-feira, 12 de outubro de 2007

Reflexão sobre o Brasil - Parte I

Um país colossal, de dimensões continentais. Aqui a maioria das terras é fértil, o clima, a todo modo, é agradável. Há abundância de água doce em rios, lagos e lagoas encantadores. Florestas soçobram, exuberantes, tais como a fauna diversificada que nelas habitam. Conservamos, enfim, o potencial magnífico de nossa natureza, já reconhecido desde a época do aporte lusitano em nossa terra e expressado por Caminha. Aqui também vive um povo, em sua maioria, simples e bom, que reúne em torno de si qualidades admiráveis como a humildade, a esperança, a alegria, a disposição para o trabalho, o sentimento religioso, a honestidade, a caridade, dentre outros predicados mais, o que cada um de nós pode facilmente constatar, bastando, para tal, mirar no círculo de nossos relacionamentos sociais. Neste torrão, há plantado o embrião do sistema democrático, elemento indispensável às nações que almejam um futuro promissor de desenvolvimento sócio-político-econômico, tal qual pode ser verificado nos mais adiantados países da esfera terrestre. Rápida reflexão histórica nos remete à consideração de que "nascemos", como unidade territorial e social, sob a égide da exploração européia, notadamente portuguesa e inglesa, no contexto da expansão marítimo-comercial dos países do Velho Continente e de expansão do sistema capitalista. O Brasil, portanto, na figura de seu povo, enfrentaria, no transcurso de sua história, dificuldades de grande monta para reparar toda a sorte de prejuízos gerada pela presença européia aqui, presença essa que tinha como pano de fundo a missão "civilizatória", justificada sobremaneira pela Igreja Católica. Ao longo do tempo, as sucessivas gerações do povo brasileiro são vítimas de sistemas sociais injustos, operadores da exclusão e do preconceito sociais, características profundamente marcantes da sociedade brasileira. Para os dias hodiernos, a realidade, em essência, é a mesma. As formas de exploração dos sistemas sociais injustos há muito implantados no campo da sociedade brasileira, e que fazem germinar o mais graves problemas que assolam a nossa nação, apenas se modificaram com o passar das décadas, moldando-se de acordo com o quadro da época. Com a a maior parte do povo historicamente alijada do processo educacional, com um sistema que inclue leis as mais das vezes antiquadas e um aparelho jurídico e policial inepto, a sociedade brasileira ainda agoniza sob as fortes dores causadas por suas chagas sociais. O esquema de poder tripartite ainda não conseguiu, através de seus entes institucionais, impor eficazmente a sua presença em favor decidido do povo do Brasil. Basta ligarmos a tv e assitirmos a alguns minutos dos telejornais, para logo entabularmos contato com as mais variadas naturezas de corrupção, seja no Executivo, no Legislativo, ou no Judiciário. E esses casos se dão em praticamente todos os escalões desses poderes, envolvendo uma grande soma de autoridades constituídas. Todavia, esses episódios, tal uma praga que avança voraz sobre uma lavoura, só tem se repetido, pois com o decurso do tempo, o aparelho tripartite criou uma redoma de blindagem para proteger, em tese, as funções públicas, mas que, na prática, protege àqueles que exercem essas funções. Um exemplo: a figura jurídica do foro privilegiado. Nesse diapasão, a impunidade grassa em nosso país, tisnando as instituições democráticas e tornando-as debilitadas e desacreditadas e, ainda mais, animando a multiplicação de casos de corrupção, pois cá nessas nestas tropicais não resta assegurada a expectativa e a certeza da punição para aqueles que cometem crimes.

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